(imagem de cá)
há sentimentos contraditórios
que se difundem no meu peito,
sentimentos puros, simplesmente ilusórios
aos quais me submeto, me sujeito.
Impregna-me o perfume da instabilidade,
a beleza dos campos de cogumelos semeados,
medronhos vermelhos dão cor ao castanho
das folhas secas caídas de ramos cansados.
Cheira a humidade, a caruncho, a terra...
É a natureza, aos poucos, a apodrecer,
a reagir ao frio estonteante que a aterra.
E a nossa alma também hiberna,
também precisa morrer para renascer,
também ela apodrece, se prostra na caserna
à espera de um novo amanhecer.
Faltam ideias, vontade, iniciativa,
sobeja a preguiça, a ronha, a rotina,
é a mente cansada que já não se sente viva
que precisa de mudar a sua sina.
É preciso acordar a vida que adormece
nesta cama de folhas outonais,
tornar em novo dia a noite que escurece
recuperar todas as forças vitais.
Célia Gil