(imagem do google)
Um homem sentado
num banco de jardim
que dá para o mar.
Não contempla o horizonte,
lê um jornal pensativo.
Horas repetidas
repousam em notícias
mesmas de três dias repetidos,
mesmas em jornais consecutivos.
Nos seus olhos
mora o reflexo da atualidade,
tristezas, desastres, catástrofes,
realidade nua,
demasiado crua.
Burlas, vigarices, desvios,
pobreza, fome, incerteza.
Nos seus olhos
há cansaços,
há sonhos por concretizar,
projetos por realizar.
Cansados, os seus olhos
fecham-se por um momento.
E em breve sonho agitado
surge o poeta
devolvendo-lhe sonhos perdidos,
revelando-lhe sentimentos esquecidos,
momentos adormecidos...
A realidade suaviza,
a crueldade ameniza
e até o sol ganha reflexos cor-de-rosa
no horizonte.
O homem dobra o jornal,
sorri porque redescobriu o sentido da vida.
Célia Gil